sábado, 24 de maio de 2008

Para Carla

Carla é mulher, no sentido mais completo da palavra. Já não é mais garotinha, sabe o que quer da vida, do trabalho e do relacionamento. É vacinada e paga as suas contas. É mulher feita e amante experiente, sabendo dar vazão às suas fantasias no momento apropriado, com pessoa escolhida a dedo.

Carla é perfeitamente conhecedora dos próprios encantos, que administra com absoluta maestria, exibindo-os até o ponto exato de fazer decolar nossa imaginação. Para depois guardá-los novamente, fazendo com que razão de nossa vida seja contemplá-los por mais uma vez. Qualquer um dos seus objetos pessoais mais banais e cotidianos inspira uma inveja absolutamente incontrolável. O vestido que lhe toca a pele, a toalha que lhe enxuga a nudez, a calcinha que lhe guarda a intimidade mais absoluta, bastaria trocar de lugar com qualquer um desses itens por um segundo para conhecer a felicidade em seu sentido mais amplo.

Para se sair com Carla, há que se estar seguro, confiante no próprio taco. Ela não é qualquer mulher, é mulher para se levar ao melhor restaurante, pedir o camarão e o melhor vinho, sem olhar preço. Mulher para se encontrar sem olhar o relógio e de celular desligado. Mulher para se adiar todos os compromissos do dia, bem como os da noite e os da manhã seguinte.

Bem-aventurado é aquele a quem for dada a chance de sentir-lhe os cheiros e de desvendar o universo de segredos contido em cada canto, em cada vão do seu corpo de mulher. Sorte daquele que tiver a felicidade de contemplá-la ao acordar, usando nada além de uma camisa emprestada, depois de um amor furioso e sem limites. Depois de tudo isso, fechar com o mais formidável café da manhã seria o mínimo.

É evidente que, depois de experimentar Carla por uma noite, eu estaria apaixonado. Mas eu correria o risco.