O que eu escrevo não é puro, não é bonito, não é cristão. O que eu escrevo não entra pela porta da frente, não vai à missa de domingo e nem sai na coluna social. Nada do que eu escrevo é respeitável nem merece condecorações.
Meus escritos não são ortodoxos, não beijam a esposa na testa antes de sair pra trabalhar. Não colaboram com obras sociais, nem respeitam os mais velhos. O que eu escrevo não come verdura e nem dorme cedo.
Eu escrevo sobre o feio e sobre o sujo. Escrevo sobre paixões e sobre necessidades fisiológicas. Meus escritos se debruçam sobre ódios, invejas e rancores. As coisas que escrevo bebem demais e ficam inconvenientes, falam obscenidades para as moças e baixam as calcas no meio da rua.
Tudo o que eu escrevo fala demais, não tem modos nem sabe se portar à mesa. Minha escrita é visita indesejada, chega sem avisar e não tem hora de ir embora.
O que eu escrevo é humano, terrivelmente humano, apenas isso.
sábado, 1 de dezembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário