segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Não tão vasto mundo

O trabalho transforma o mundo. Nesse exato momento, ele transforma o meu mundo, reduzindo-o ao mínimo de suas potencialidades, que são o máximo que eu posso extrair depois de um dia de trabalho árduo. Um trabalho que me exaure ao ponto de incapacitar-me para a plena fruição do que a vida possa me oferecer. Um trabalho que, ao fim do dia, não me deixa energia para muito mais que um apertar de botões do controle remoto.
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Meus horizontes não abrangem mais do que três ou quatro pequenas compensações. O idealista que sonhava em aprimorar-se nos estudos, engajar-se num trabalho voluntário ou passar mais tempo com família contenta-se com um rosário de pequenos prazeres, tão escassos quanto irrelevantes. Um programa de auditório na TV, uma lata de cerveja, uma refeição gordurosa ou uma rápida olhada nos gols da rodada.
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Quem já sonhou em viver grandes paixões contenta-se com olhadas furtivas nos seios fartos de sua cunhada, imaginando como seria sugar aqueles mamilos grossos, eriçados ao toque da língua. Quem almejava uma carreira profissional ascendente e meteórica dá-se por satisfeito em pagar as contas ver sobrar alguns tostões no fim do mês. Quem se imaginava com potencial para fazer revoluções e mudar o mundo não quer mais do que um micro-universo doméstico ordenado, com mulher, filhos, trabalho e igreja.
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O trabalho tem diminuído bastante minha vida e meus horizontes. Tenho dúvidas se ainda caibo neles.

Um comentário:

Cris Medeiros disse...

Olha eu aqui! Demorei mais cheguei!

Adorei esse blgo seu! Vou acompanhar esse e o outro que já acompanho! Faz favor de atualizar isso aqui!

O cotidiano acaba com nossas sonhos mesmo. Tem dias que sinto que conquistei muita coisa, em outros acho que sou uma sombra doente do que poderia ter sido... rs

Te entendo...

Beijocas