sábado, 6 de setembro de 2008

Eu não sou um super-homem

Estou no décimo andar e a janela está aberta. Não sei como isso pode me ajudar. Afinal, eu não sou um super-homem. Muito pelo contrário. Minha ridícula condição de homem simples, mortal e limitado, me é esfregada na cara em todo o momento. Nas dívidas que não consigo pagar, nas coisas que não consigo ter, no respeito que não consigo inspirar, nas mulheres que não consigo comer.

O peso de todas as minhas limitações ainda é agravado pela minha perfeita compreensão do caos instalado no mundo, com a mais cristalina visualização das alternativas que podem salvá-lo, mas sem conseguir que ninguém as ouça. O mundo é um trem desgovernado aonde eu não queria embarcar, prestes a cair num precipício, mas seus passageiros estão indiferentes a isso, realizando uma puta festança no segundo vagão. Eu sei perfeitamente como mudar o rumo do trem, não posso fazê-lo sozinho, mas ninguém quer me ouvir a esse respeito. E eu sequer consigo aproveitar a festa.

Acho que estou começando a compreender no que pode me ser útil a janela aberta no décimo andar. Vou precisar dela exatamente porque não sou um super-homem.

Um comentário:

Mauro Sérgio Farias disse...

Putz, eu não acreditei quando disseram, mas é verdade. Essas imagens do super-homem no filme estão totalmente Salvador Dali.

Parabéns pela parte visual do Blog. Os textos são impactantes.

Forte abraço!